Informações, Orientações, Crônicas e Bate-Papo sobre Odontologia, a Saúde Bucal e o Ser Humano

Dr. Nilson Denari, Dra.Mônica Denari Piffer, Dra. Marly Simões,Dr. Marcos Denari, Dr. Renê Van der Laan, Dr. Rodrigo Nogueira

domingo, 8 de junho de 2008

CLÍNICA DENARI 45 ANOS

Sua História

Por Nilson Denari

“Não vá fazer Odontologia”, disse meu pai em meados de 1950. É uma profissão desgastante, você vai trabalhar em pé ao longo da sua vida.E o pior, se não estiver no con- sultório todos os dias, ali, na boca do paciente, não vai ganhar nada.Já que você vai para
Ribeirão Preto e a faculdade é de Farmácia e Odontologia, faça Farmácia.Desse modo você
Poderá viajar e a farmácia continuará rendendo.”
Assim pensava o Dr. Antenor Denari, dentista há quase 25 anos.Eu assistia a sua luta das sete da manhã às dez horas da noite, todos os dias exceto aos domingos, em seu consultório instalado na parte da frente de nossa casa, em Sorocaba, rua Hermelindo Matarazzo nº 32, onde nasci.Nessa época, eu estava com meus imberbes 18 anos . O conselho havia chegado tarde demais: três anos após, no dia 13 de dezembro de 1953, aos 21 anos, eu recebia meu canudo de Cirurgião Dentista na inesquecível Ribeirão Preto. Não adiantou a palavra do “velho”, a Odontologia já havia sido amor à primeira vista. Como também foi, após 8 meses de Sorocaba, vir trabalhar em Santos. Rua Vasconcelos Tavares nº19, 5º andar, sala cujo número não mais me recordo. O consultório era alugado e apesar de ser um ilustre desconhecido, esnobei: era dentista na cidade, no centro, o coração de Santos na época. No princípio meus heróicos pacientes foram os amigos de futebol de praia no Gonzaga e seus familiares, que salvavam o aluguel e as despesas. Quando não conseguia salda-las era salvo pelas “mordidinhas”financeiras na Dona Maria, minha mãe, sempre com promessa de resgata-las, o que nunca cumpri. Vibrei com esse mundo novo: eu tinha MEUS pacientes e alguns até me chamavam de “doutor”.
Com os amigos e colegas – Edmar, meu confidente; Barbosa, meu guru; o filósofo Dalton; o irrequieto Herculano; Maurity, meu eterno amigo e irmão e tantos outros, varei noites discutindo problemas e casos, jogando conversa e gabolices fora. E assim foi, de 1954 a 1961. Nessa época, já casado com Maria Helena, era pai de uma filha, Mônica.
Oito anos após, de tanto encontrar pacientes indo para a cidade de ônibus ou de bonde, deslocando-se de suas casas na praia em direção ao meu consultório - então na rua Amador Bueno nº 26, Edifício Concórdia – já enfrentando uma cidade de trânsito congestionado, decidi que eles não mais teriam que deslocar-se tanto. Optei por levar meu até eles, monta-lo na região da praia. Meus amigos falavam que eu estava ficando louco. “Sair da cidade para ser dentista de bairro? Você vai perder a fina flor da sua clientela” – profetizaram. Além disso, quis fazer uma sociedade com meu irmão Walter, outro “louco”, pioneiro em seu aperfeiçoamento no tratamento para crianças, Odontopediatria. Eu ouvia: “”Fazer sociedade não é bom; com família é pior ainda”. Mais uma vez o conselho chegou tarde demais. Eu já estava apaixonado pela idéia e pelo imóvel na rua Galeão Carvalhal nº52, cuja propietária, Dona Isabel, após o endosso de Carminho e Paulo Magalhães (o cara de bravo e coração de ouro), acreditou por bem alugar-nos.
Foi tudo maravilhoso. Começamos juntos, aumentamos nosso círculo social, conhecemos amigos. Os filhos já eram mais três: Eduardo, Luciano e Marcelo.
Nessa época o mundo estava mudando seus costumes, hábitos e vestes. Procurava-se mais praticiddade. Os ônibus substituíam os bondes; os apartamentos substituíam as casas. Popularizavam a calça Lee, a bermuda e a camisa esporte. Desapareciam as anáguas, as perucas, as cinturitas. A cidade deslocava-se para a praia congestionando agora a orla marítima, principalmente o Gonzaga.
Por este motivo, em 1975, decidimos, Walter e eu, ir para um local onde os pacientes tivessem mais facilidade para estacionar. Resolvemos procurar uma casa grande onde pudessem trabalhar também colegas, assistentes ou colegas de outras especialidades; um trabalho em equipe multidisciplinar em Odontologia o que seria mais proveitoso e produtivo.
Assim pensamos e assim realizamos. Sob a áurea do Dr. Leôncio Rezende, alugamos a casa onde viveu até seus últimos dias: Avenida Washington nº464. Nessa época já tínhamos um protético, o sergipano Elinaldo, cheio de vida e conversa. A ele juntaram-se Marly (a ‘filha’ colinense), a quem fui buscar em Ribeirão Preto no dia de sua formatura; Ronaldo, um santista e cria nossa de longo tempo e o meu amigo-irmão de idéias simbióticas, José Antônio. Em 1975, se concretizava o sonho da Clínica.
Com a morte de meu pai herdamos a casa em que morávamos ao chegar de Sorocaba. É o nº 408 da mesma avenida. Terezinha Kannebley, corretora amiga, colaborou para a compra da casa ao lado, o nº 406 e assim, em 1981, a Clínica Dentre tinha seu imóvel próprio. Reformamos e unimos as duas casas em uma só para que ficasse mais funcional.
Como a antiga clínica e a nova casa eram próximas, praticamente apenas uma quadra, a mudança foi quase toda feita ‘no braço’. Todos colaboraram, carregando objetos pela avenida abaixo, sempre muito entusiasmados com o novo local, mas também assustados pelo novo investimento. “Não seria ele muito grande? E as despesas?”
Hoje, passados 17 anos, sabemos que não foi. Crescemos, e muito. Orgulhamo-nos da Clínica pelo reconhecimento de nossos pacientes – e pelo nosso esforço e dedicação ao sonho de podermos exercer a profissão ‘gostosamente’.
Do nosso sangue juntaram-se a nós a minha linda filha Mônica e o dedicado sobrinho Marcos, filho do Walter. Juntaram-se também o ex-patrulheiro João, hoje meu ‘filho protético’, de quem muito me orgulho e seu irmão Leone. Integrando também nossa filosofia de trabalho, está ainda o corpo auxiliar - nosso jardim - capitaneado por Rosana (charmosíssima), auxiliada pela ‘formiguinha’ Penha. Temos a paciente e eficiente Rosângela na recepção e todas as demais companheiras de trabalho, sorridentes no “bom dia”e às demais companheiras de trabalho, sorridentes no “bom dia” e às minhas recomendações para os finais de semana.
Agradeço a Deus o envio de Ewa, amiga e esposa que mobilizou em mim, quando a conheci, o impulso de mandar colocar uma faixa nas árvores em frente a Faculdade de Filosofia onde ela lecionava na época, com os dizeres:”Nem nos tempos de Adão, nem nos tempos que virão, terão por uma Ewa tanta paixão...”.
Agradeço a Ele ter-me mostrado as diretrizes da Psicologia para melhor conhecer minhas limitações e reais necessidades – as minhas e as dos outros, fossem amigos ou pacientes, todos apaixonantes e inesquecíveis.
Aos amigos Oswaldo, Luiz, João Carlos e Lamartine, nosso “Clube do Bolinha”, por tantos caminhos percorridos; e também ao Damico por suas palavras.
Graças também aos grupos de estudo de Odontologia e Psicologia dos quais participo ou participei; para mim, mais úteis que quaisquer congressos ou cursos assistidos ao longo desses 45 anos de profissão
Hoje estamos trilhando o nosso caminho. A Clínica, com seus sete profissionais mais o corpo de assistentes, doze jovens, segue em busca de uma felicidade e de uma alegria de viver que fecham o elo do melhor remédio contra todas as doenças: o amor.
Agradeço a Deus, mais uma vez, por ter-nos guiado até Santos, ao calor afetuoso de seu povo para conosco, forasteiros, que aqui chegamos certos de bom solo a receber as sementes dos nossos anseios.
Enfim, obrigado meu Deus pela Sua eterna companhia.

P.S. Desculpem-me a ausência escrita daqueles que estão em nossos corações, mas que a memória vacilou pela emoção.

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