Informações, Orientações, Crônicas e Bate-Papo sobre Odontologia, a Saúde Bucal e o Ser Humano

Dr. Nilson Denari, Dra.Mônica Denari Piffer, Dra. Marly Simões,Dr. Marcos Denari, Dr. Renê Van der Laan, Dr. Rodrigo Nogueira

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Cárie - Perguntas Freqüentes

A cárie é transmissível?
Sim, mas não é a cárie que passa de uma pessoa para outra e sim as bactérias que causam a cárie. A cárie é uma doença causada por bactérias que são transmitidas através da saliva geralmente por pessoas próximas. A transmissão geralmente ocorre de mãe para filho, de avós ou babás para as crianças, entre casais, entre irmãos e entre amigos. Porém só transmite bactérias de cárie, quem tem cárie.

Como ocorre a cárie?
Para um dente ter cárie, é necessário que bactérias que causam a cárie e o açúcar (ou outro carboidrato) grudem neste dente. Quando isto ocorre forma-se uma massa (chamada placa dental ou placa bacteriana) sobre o dente, onde as bactérias se multiplicam e transformam o açúcar em ácido. Este ácido faz com que partículas do dente se dissolvam iniciando o processo da cárie (chamado de desmineralização do esmalte). Se esta placa bacteriana não é removida e ocorrem repetidas ingestões de açúcar, a produção de ácido e a perda de mineral continuam até formar um buraco, uma cavidade popularmente chamada de cárie.

Porque o açúcar causa cárie?
O açúcar e todos os carboidratos, quando entram em contato com bactérias da boca que causam a cárie, transformam-se em ácido, e este ácido vai provocar a perda de minerais do dente. Outro problema do açúcar é que ele gruda no dente e também propicia uma condição de maior aderência de bactérias ao dente fazendo com que o ácido que elas produzem atinjam o dente por mais tempo.

Então não posso comer açúcar?
Em condições normais, ou seja, quando as estruturas dos dentes estão íntegras, qualquer pessoa pode ingerir açúcar ou carboidrato por até 5 vezes por dia que não irá desenvolver cárie.

Tem outras coisas além do açúcar que podem prejudicar meus dentes?
Além do açúcar, devemos ter cuidado com todos os carboidratos como pães e bolachas (doces ou salgadas), e ainda os salgadinhos empacotados (batatinhas, chisitos, fandango,...),além de xaropes, leite em pó, etc...
Além disso devemos levar em consideração a saúde geral do paciente, o tipo de saliva, o fluxo de saliva, a higiene oral, a respiração bucal e o sistema imunológico.

Porque tanta gente come açúcar e não tem cárie?
Primeiro é necessário se avaliar de que forma esta pessoa ingere açúcar. Para causar cárie em um dente íntegro, o açúcar deve ser ingerido mais do que 5 vezes ao dia, por um longo tempo. Isto porque, espaçando as ingestões de açúcar, a saliva tem tempo para neutralizar os ácidos e a boca voltar ao seu equilíbrio. Além disso outros fatores devem ser levados em conta como por exemplo a higiene oral, a saliva, a respiração e o sistema imunológico . Sem se esquecer do uso do flúor presente nas pastas de dente e e na água encanada que deixa o dente mais difícil de se desmineralizar.

Quanto tempo leva para um dente íntegro ter cárie?
Este tempo pode variar entre 3 meses e 2 anos. Depende da quantidade de vezes que a pessoa esteja ingerindo açúcar, do tipo de açúcar, da higiene oral, da saliva, da respiração bucal, e do sistema imunológico.

Leite Materno pode causar cárie?
Em um dente íntegro, não. Porém é bastante comum os dentes de leite nascerem com defeito de formação e não apresentarem todo o esmalte íntegro, expondo sua parte interna (dentina) Se a parte interna do dente estiver exposta, a cárie vai progredir em contato com o leite materno.

Os dentes de leite do meu filho já nasceram com cárie, por que?
Nenhum dente nasce com cárie. O dente pode sim nascer com um defeito de formação no esmalte e desta forma, a parte interna do dente (chamada dentina) ficar exposta. Esta parte interna do dente é pouco resistente e acaba tendo cárie com mais facilidade. Portanto, assim que se detectar este problema os cuidados preventivos devem ser mais rigorosos e o dente deve ser restaurado.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O Fluor - Perguntas e Respostas

Porque o Flúor é importante?
Mundialmente o flúor é apontado como o grande responsável pela queda no índice de cárie. Para se ter uma idéia, antes de termos flúor na água de Santos as crianças tinham em média 8,9 dentes com cárie aos 12 anos de idade. A partir do uso do flúor, em 12 anos, este índice caiu para 1,7 dentes com cárie.O flúor dificulta o processo de perda de mineral de dente e acelera a reposição de mineral no dente que sofre ataque dos ácidos pelo açúcar.

De que forma os dentes recebem flúor?
O flúor chega às pessoas através da água de abastecimento, das pastas dentais, ou por aplicação do dentista. Vitaminas e comprimidos com flúor são proibidos de serem comercializados em cidades que contenham flúor na água de abastecimento e não devem ser dados às crianças.

Com que idade meu filho pode receber Flúor?
A partir do nascimento do primeiro dente todas as crianças devem começar a receber flúor. Porém a forma de aplicação e a dosagem precisam ser calculadas pelo dentista porque o flúor ingerido em excesso, dependendo da idade e do peso da criança poderá causar o que chamamos Fluorose nos dentes permanentes que ainda não nasceram.

O que é fluorose?
A fluorose, em sua forma branda, se caracteriza por manchas brancas no esmalte dos dentes permanentes. A fluorose ocorre quando crianças ingerem mais Flúor do que o recomendado. Este flúor em excesso irá se depositar no dente que está se formando, ou seja, no dente que ainda não nasceu, alterando a sua estrutura conforme a quantidade de flúor ingerido. Quanto mais flúor for ingerido, maior a alteração de estrutura que o dente pode sofrer.

Quais os cuidados devemos ter com o Flúor?
Antes de mais nada identificar de que forma a criança pode estar recebendo flúor. A forma mais comum é o flúor presente na rede de abastecimento público. Para se ter uma idéia, uma criança com 6 meses de idade, pesando 8 Kgs, não pode ingerir mais do que 3 mamadeiras de 250 ml de leite em pó dissolvido em água filtrada (de abastecimento público) que já passa a correr o risco de ter os dentes com fluorose. Se a água fosse engarrafada e com pouca quantidade de flúor em sua composição (Lyndoya por exemplo) esta criança poderia tomar até 15 mamadeiras por dia. Porém esta mesma criança, se não tomasse água com flúor, poderia escovar os dentes duas vezes por dia com pasta infantil com flúor, que mesmo ingerindo toda a pasta que não teria fluorose no futuro. O ideal é que o dentista possa avaliar individualmente cada caso para receitar corretamente de que forma a criança deva receber flúor.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O Desenvolvimento de um Belo Sorriso

Atualmente encontramos muitos problemas no desenvolvimento dos maxilares e das arcadas dentarias. Como os maxilares compõe dois terços da face, qualquer prejuízo no seu desenvolvimento irá ter conseqüências negativas na estética da face. Já nas arcadas o problema mais comum é a falta de espaço para o correto alinhamento dos dentes, o que vai afetar na estética do sorriso. Ora, sabemos que um rosto bonito e harmônico, com um belo sorriso, fazem uma grande diferença na qualidade de vida de uma pessoa. Como dizem, o sorriso é o seu cartão de visitas! É com a boca que nos comunicamos com o mundo, o rosto expressa os nossos sentimentos e o sorriso cativa as pessoas. E a origem destes problemas de desenvolvimento dos maxilares ocorre nos primeiros anos de vida com a falta de estímulos adequados.
Vejamos primeiro como deveria ser o desenvolvimento normal. Nos bebês os ossos maxilares, onde se encontram as arcadas dentárias, tem um crescimento muito rápido, intenso e são muito maleáveis. Por isso sofrem uma grande influência positiva dos estímulos que vem da amamentação e da mastigação. Então quanto melhor a qualidade destas funções orofaciais, melhor o desenvolvimento dos maxilares daquela criança.
O problema é que, muitas vezes por causa da vida agitada que as mães tem e por falta de orientação, fica mais prático, mais cômodo dar mamadeira e alimentos moles e pastosos, que não estimulam o desenvolvimento correto.
Vamos ver como cada uma dessas funções orofaciais atuam no desenvolvimento das arcadas e dos maxilares:

AMAMENTAÇÃO

A amamentação é vital para o desenvolvimento do bebê. Ao sugar o peito materno, além do leite, o bebê recebe inúmeros estímulos de desenvolvimento, tanto físico quanto psicológico. No aspecto físico ele executa um grande esforço muscular para obter o leite do peito aumentando assim as taxas de crescimento ósseo dos maxilares.
Se ele for alimentado com mamadeira todo o comportamento muscular se altera, o que pode implicar em problemas no desenvolvimento dos maxilares e das arcadas dentárias.
As mães devem amamentar seus filhos durante pelo menos um ano, mas, de acordo com a OMS, o ideal é amamentar durante dois anos. Este é também o tempo em que o sistema imunológico de defesa do bebê leva para amadurecer. Significa que o bebê que se alimenta do leito materno terá menos doenças do que aquele que usa mamadeira.

MASTIGAÇÃO

Vamos falar agora dos estímulos de desenvolvimento que vem da mastigação. A mastigação é a principal função para a qual a boca foi desenhada. Durante a mastigação vários músculos colocam os maxilares e dentes em movimento para cortar, triturar e moer os alimentos, e isto aumenta a taxa de crescimento ósseo dos maxilares e das arcadas. Os maxilares se harmonizam e as arcadas desenvolvem espaço para o alinhamento correto dos dentes. Porém, o bebê não nasce sabendo mastigar e para aprender precisa de alimentos que precisem ser mastigados, ou seja, cortados, triturados e moídos com os dentes. Então, por volta dos seis meses, quando nascem os primeiros dentes de leite, devemos oferecer alimentos adequados para este aprendizado. Papinhas, sopinhas, alimentos batidos no liquidificador ou passados na peneira não precisam ser nem cortados, nem triturados e nem moídos. Ou seja, não precisam do esforço dos músculos que movimentam maxilares, arcadas e dentes para a mastigação. Assim o bebê perde uma importante quantidade de estímulos de desenvolvimento.
Em geral os pediatras recomendam que se comece com alimentos pastosos ou amassados, porém esta fase deve ser curta e rapidamente sendo substituída por alimentos em pedaços maiores. É recomendável que se ofereça ao bebê a mesma comida que a família come à mesa como: arroz, feijão, carne, legumes e frutas. Quando os pais forem a uma pizzaria podem dar na mão do bebê uma borda de pizza, num churrasco um pedaço de carne (grande o suficiente para ele se divertir por muito tempo e não se engasgar), e na praia ou parque um sabugo de milho verde. Além de treinar a mastigação ele aprende a apreciar os diferentes sabores e consistências dos alimentos ajudando para que no futuro ele tenha uma alimentação variada e saudável.

RESPIRAÇÃO

Outro problema sério que afeta o desenvolvimento dos maxilares é a respiração bucal crônica. Esta alteração respiratória provoca uma total mudança do comportamento muscular na face. Os lábios permanecem abertos e se instala uma flacidez muscular generalizada. A língua muda a sua posição e começa a funcionar inadequadamente, o que pode provocar deglutição atípica e problemas fonéticos. A face do respirador bucal em geral é alongada, os dentes mal posicionados e apresenta olheiras. Ele come mal porque olfato e gustação ficam prejudicados e precisa respirar pelo mesmo espaço onde está a comida. A natureza justamente separou os compartimentos da respiração e da mastigação para que uma não atrapalhe a outra.
Para entendermos porque uma criança passa a ser uma respiradora bucal temos que voltar para a época do nascimento e aos primeiros anos de vida. Ao nascimento o bebê sempre respira pelo nariz. Só que o registro cerebral de que esta é a forma correta de respirar e que, para isto, os lábios precisam permanecer fechados ainda não está maduro e precisa de muitos reforços nesta fase inicial da vida. Este reforço vem justamente dos estímulos funcionais dos músculos da face. Novamente a amamentação e a mastigação desempenhando um papel importante, agora no estabelecimento de uma função respiratória adequada.
Então, resumindo, a palavra chave para o desenvolvimento adequado dos maxilares é ESTIMULO. Assim como o atleta desenvolve seu físico através de exercícios e treino muscular, devemos estimular o desenvolvimento dos músculos faciais dos nossos bebês exercitando as funções que a natureza nos deu: AMAMENTAÇÃO E MASTIGAÇÃO.
Assim fica fácil compreender que podemos ajudar os nossos filhos a desenvolver UM BELO SORRISO!